sexta-feira, 30 de maio de 2008

domingo, 11 de maio de 2008

Um aperitivo...

PERDÃO SE PELOS MEUS OLHOS


Perdão se pelos meus olhos não chegou
mais claridade que a espuma marinha,
perdão porque meu espaço
se estende sem amparo
e não termina:

- monótono é meu canto,
minha palavra é um pássaro sombrio,
fauna de pedra e mar, o desconsolo
de um planeta invernal, incorruptível.
Perdão por esta sucessão de água,
da rocha, a espuma, o delírio da maré

- assim é minha solidão -
saltos bruscos de sal contra os muros
de meu ser secreto, de tal maneira
que eu sou uma parte do inverno,
da mesma extensão que se repete
de sino em sino em tantas ondas
e de um silêncio como cabeleira,
silêncio de alga, canto submergido.


(Pablo Neruda - Últimos Poemas)

domingo, 4 de maio de 2008

Leminski falando de poesia:

http://www.youtube.com/watch?v=oEXklTvm3aU

para a liberdade e luta

me enterrem como os trotskistas
na cova comum dos idealistas
onde jazem aqueles
que o poder não corrompeu

me enterrem com meu coração
na beira do rio
onde o joelho ferido
tocou a pedra da paixão

Paulo Leminski