segunda-feira, 21 de julho de 2008

Bailes, Máscaras e(ventos)...

Parte IV

As máscaras...

O baile! O baile se aproximava. Era preciso uma máscara, uma máscara... Deus!!!!! Uma máscara.
Os ventos soturnos e angelicais sopravam versos de um classicismo puro, branco, límpido, perene...
- Não!!!
E Erasmo gritou, cuspiu, vomitou náuseas... nauseabundos urros de cólera eternizados em escarros melancólicos.
A loucura, a demência, a insanidade, a autenticidade humana se revelava.
- Não!!! Não as atrocidades brancas, incautas, homófobas, proféticas... miseráveis.
Não a padronização estética, estática, extenuante.
Não a hipocrisia metaforicamente disfarçada de doação...
Não podes dar-me o que me é...

continua...

Antonomasia.

Depois de um tempo...

...quando compreendi, ouvi de não sei quem:
- Este garoto tem vocação para cavocar crateras!
Cresci... e sigo á camuflar formigas
Tenho dom para desencantar o encanto
Nasci assim, destinado ao fracasso,
Amaldiçoado, empoeirado, semi-vivo...
Mas prossigo tateando abismos
E na desconstrução do conceito,
Encoberto palavras terroristas
Para que fujam de mim

Na beleza torta deste mundo tão vulgar!

D'el Tango.



Bailes, Máscaras e(ventos)...

Parte III

À noite, os cães e os homens...

Era uma noite fria do ano de 2008, dividia sobras em uma marmita de metal acompanhado de cães moribundos e o Uivo de Ginsberg, influenciava-se em Bukowski e Rimbaud... sua estação era, ao contrário, o inferno. Não presenciara em sua efemeridade tanta lucidez absurda...
Queria “enlouquecer”, cantar poemas de horror, ódio e amor... gritar, urrar versos em prosa violentando margens de papel e jornal...
Matilhas o acompanhavam a roer ossos e ofícios... azeitonas argentinas “sobremesadas” com alfajores baratos. Era clássico em suas sandálias contrabandeadas. Em que não se pese a avareza, recebera algumas em campanhas, donativos.
Precisava beber algo...

continua...

Antonomasia.


*.*

Então hoje, logo hoje, eu dei de cara com o sujeito outra vez, mas será a ultima, eu juro. Este indivíduo arranhado pela vida, este cara antigo, antipático e anti-social. Um andarilho solitário das confusas ruas do amor. Eu prometi tantas vezes não ver este cara nunca mais. Mas, vez ou outra, me vejo de cara com ele. Este insatisfeito, incompreensível e insuportável ser. Um sujeito confuso, covarde e conformado. Tantas vezes desejei que fosse irreal, um mero fruto da minha imaginação, então poderia esquecê–lo, mata-lo e nunca mais vê-lo. Mas hoje, enfim, depois de olhar pela última vez em seus olhos eu cumpri minha promessa. E hoje... hoje eu tirei todos os espelhos da minha casa.

Nessa.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Bailes, Máscaras e(ventos)...

PARTE II

A loucura...

Chegou, entretanto, um tempo de demência.
Órfão, tendo perdido os pais ainda jovem, Erasmo perambulou pelas noites frias e úmidas, assistiu cortejos fúnebres e orgias reais - intrusamente fartou-se das melhores ceias - amou homens e mulheres, sonhou a realeza em suas camas sedosas.
Acordou dementemente triste. Gritou;
- “O mundo em que vivemos é louco, mais louco do que pensamos.”
Entregue à leitura, antídoto a quase toda “loucura”, dedicou-se apaixonadamente aos clássicos da literatura, de seu tempo e de outros tempos.
Percebeu, então, não ser único – “é nas loucuras que comete que o homem encontra a felicidade suprema...”

* continua...

Antonomasia.

nos chegou por e-mail...

O homem que perde as suas pernas ainda pensa; porém o homem que não pensa não é capaz nem se quer de andar. Ainda que com o coração e os pulmões debilitados, a capacidade de pensar não lhe é tirada. Tudo que é louvável lhe vai aos pensamentos, e sobre tudo o mais valoroso é o que tem a capacidade de decidir por seus próprios pensamentos que caminho tomar. A ciência desvendará muito além dos átomos, mas jamais chegará as raízes do pensamento: O baú mais seguro; fonte inesgotável. Felizes sois vós que em verdade pensam.

Daniel Henrique