sábado, 8 de março de 2008

Poesia Vertigem apresenta:

leitura & recital de 'poesia européia' & música...

no café brasiliano
centro comercial Chapecó
dia 27 de março (quinta)
19h

entrada livre

*_*

Virei o mundo pelo avesso
E encontrei a liberdade:
‘Uma puta que sorri’...

Herman G. Silvani (Niko)

Crônica de Piratas / 2

Não tinha tapa olho nem perna de pau. Seu cheiro não era o mais desagradável. Pela primeira vez conseguiu um trabalho; iria vender Cds copiados em um computador residencial. O salário dependeria de seu caráter empreendedor.
No primeiro dia, apesar da grande dificuldade, conseguiu vender o suficiente para a refeição de toda família.
No segundo, quando ao fim do expediente, já tinha dinheiro suficiente para comprar um agasalho ao filho.
No terceiro, após uma violentíssima surra foi conduzido a Central de Polícia; seu material de trabalho e seus trocados foram confiscados; foi também nesse local que ganhou o nobre título de Pirata.

Antes de ser levado ao presídio ainda teve a infelicidade de ouvir a negociação dos Investigadores Civis na venda de seus Cds. O preço era irrisório. Ele não entendeu mais nada.

Marcio Serpa.

Crônica de menina / 4

Ruti sentira as primeiras comichões ainda pela mão do padrasto. As primeiras vezes foram a critério de educação sexual. Mais tarde já era pelo prazer de ensinar e aprender.
As lições foram se tornando intensas.
Todas as vezes que a mãe saía Ruti aprendia uma nova lição.
Começava a gostar das aulas.
Em pouco tempo Ruti estava formada em matéria de sexo. Seu padrasto havia lhe usurpado a infantilidade. Mas dela ninguém ouviu um só lamento.
Quando sua mãe soube da escola que a residência havia se transformado, ficou em pé de ira.
Ruti e sua mãe foram vistas ainda algumas vezes: Ruti na rua em estado de mendicância, e a mãe fazendo compras com o marido.

Marcio Serpa.

Fragmento de poesia de um poeta russo...

[...]

Íamos, sem saber para onde,
Perseguidos por miragens de cidades
Derrotadas construídas no milagre,
Hortelã e pimenta aos nossos pés,
As aves acompanhando-nos o vôo,
E no rio os peixes à procura da nascente;
O céu, a nós se abrindo.

Porque o destino seguia-nos o rasto
Como um louco com uma navalha na mão.

Arseni Tarkovski