segunda-feira, 9 de julho de 2007


Pergunte ao pó da estrada

Quanto ao pó?!
Já não sei.
Há dias não pego a estrada.
Estou aqui,
Trancado neste quarto sujo
Deste hotel barato.
O uísque está acabando,
Resta pouco menos de meia garrafa.
A caneta falha
E o papel já está quase que inteiramente rasurado.
Estou só.
Dane-se também!
Para piorar, um belo complemento:
Minha inspiração foi-se embora.
(Espero que nunca mais volte).
Restam-me o punhal e alguns poucos pensamentos divagantes.
Nada mais.
O mundo todo segue em disparada
Numa velocidade incalculável, e eu,
Errante como sempre (fui), estou parado na contra-mão.
Será meu fim...
Ou não.
Não sei.
Enfim...
Aguardarei o próximo instante.
Daqui a um segundo, o presente já não existirá mais,
E disso,
Tenho plena certeza.

Herman G. Silvani (Niko)

6 comentários:

Unknown disse...

quanta inspiração...
mas se puder vai ter que me explicar, se tiver explicação.

Anônimo disse...

...explicar o que chê?!

Anônimo disse...

...mas bah!
ui ui ui....que tal o guri?!
besos.

Maurício Saldanha disse...

Olá!
Faltam-me sons para as palmas que aqui deixo! Alguns autores defendem que estado de inspiração não existe, e que tudo faz parte de um trabalho árduo. Juntamos este trabalho com dom, e chegamos até este poema! :)

Anônimo disse...

Muito bom, assim como os teus feitos na outa página virtual. "Juntamos este trabalho com dom, e chegamos até este poema!" Alguns escritores defendem que dom não existe. O ofício de ser poeta e a "Musa" da poesia não podem ser dissociados. Ter dom (que significa uma dádiva, um presente divino) não me parece ser boa palavra aqui. Ainda temos a idéia de que prevaleçam os versos malditos (ditos mal) aqui neste espaço, não é? Não? Sim? Todos os poetas desta página, assim penso, não me parecem seres que simplesmente pegam a caneta (ou o teclado) e escrevem (ou digitam) por terem o dom da poesia. Prefiro acreditar que também suam em busca da palavra certa, que comem, bebem e vivem ainda nessa história que se faz. Para mim, dom é palavra de quem ainda não teve insônia, alegria, cansaço, por alguns versos. Bom, pelo menos a Eveline trouxe algo a ser discutido. Estou farto de ler comentários do tipo: "bom", "legal", "continue assim", "uma merda"... Nada contra quem tem apenas isso a dizer, mas que esses poemas valem outras palavras... disso não tenho dúvida!

CP

Anônimo disse...

Agora concordei com tigo CP. Isso é muito mais do que escritores que acham que são. Aqui mora algo desconhecido de muitos: a sensibilidade para com as palavras, idéias e conteúdo. Imagens riquíssimas. Frases profundas, ácidas, que mexem com o interior.