sábado, 8 de março de 2008

Crônica de Piratas / 2

Não tinha tapa olho nem perna de pau. Seu cheiro não era o mais desagradável. Pela primeira vez conseguiu um trabalho; iria vender Cds copiados em um computador residencial. O salário dependeria de seu caráter empreendedor.
No primeiro dia, apesar da grande dificuldade, conseguiu vender o suficiente para a refeição de toda família.
No segundo, quando ao fim do expediente, já tinha dinheiro suficiente para comprar um agasalho ao filho.
No terceiro, após uma violentíssima surra foi conduzido a Central de Polícia; seu material de trabalho e seus trocados foram confiscados; foi também nesse local que ganhou o nobre título de Pirata.

Antes de ser levado ao presídio ainda teve a infelicidade de ouvir a negociação dos Investigadores Civis na venda de seus Cds. O preço era irrisório. Ele não entendeu mais nada.

Marcio Serpa.

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