quarta-feira, 23 de abril de 2008

Lorenço choveu

Meu amigo Lorenço, ébrio e louco
Num dia cinza de outono
Pôs-se a imitar a chuva

Não sabia ele que não chovia
Pois acreditava na chuva
A chuva que não caía

Meu velho amigo bêbado
Soprava o ar com seu bafo quente
Fétido, úmido e mais velho do que ele

Mas Lorenço não sabia chover
Para ele a chuva cantava
Para ele a chuva passada não havia passado

Até que dormiu e choveu
E o som da chuva
Misturou-se com o da sua respiração

Lorenço finalmente choveu!


Herman G. Silvani (Niko)

Um comentário:

Anônimo disse...

Iluminados poemas caro! Linguagem fluente e ritmos bem feitos. Poesia sempre!